segunda-feira, 28 de outubro de 2013

EXPOSTO


EXPOSTO, belo poema de Lia Sena

Se os girassóis que adormeço
e entrevejo
entre feixes de luz
brotam nítidos
a cada manhã
e a boca que beijo
ainda é tão minha ao acordar
Se mágicas mãos
sobre o meu corpo passeiam
e esse cheiro que me abrasa
fica em mim
Se os lábios macios
percorrem curvas
vulva, olhos
costas e mãos
e a língua cruel hesita
tão próxima
tão antes pródiga
evita o delírio final
Se esses revoltos cabelos
Se esse plácido desejo
Toca em mim
e permanece intacto
inexato
Assim tão exposta eu fico
Tão dentro de ti
E tão em mim
Que tudo parece pequeno
E que é tão infinito
tão pleno
Aquilo que mora aqui.

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